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Madalena: assunto importante em drama pretensioso


O agroboy no campo de soja: segundo episódio


O letreiro final de Madalena, disponível na Netflix, afirma que o Brasil é o país que mais mata transsexuais e travestis. É um fato triste e alarmante, que poderia render uma história acessível sobre transfobia. Mas não é isso o que ocorre com o primeiro longa-metragem do mato-grossense Madiano Marcheti.


Marcheti integra um time de cineastas do Centro-Oeste do qual também faz parte Daniel Nolasco e seu Vento Seco, focado igualmente no universo LGBTQIA+. Mas o que Vento Seco tem de explícito, Madalena tem de sugerido. Embora Marcheti demonstre talento para criar visuais de impacto, o mesmo não acontece com o roteiro, escrito a OITO mãos (duas do realizador).


A trama é dividida em três, digamos, episódios, envolvendo moradores de uma pequena cidade, "a capital da soja", no Mato Grosso. Todos foram afetados pelo desaparecimento de Madalena.


A vítima devia dinheiro para Luziane (Natália Mazarim), hostess de um casa noturna. Cristiano (Rafael De Bona), herdeiro de um fazendeiro, encontrou o corpo e está desesperado. E a travesti Bianca (Pamella Yule) e suas amigas comentam o que fizeram com os pertences de Madalena enquanto fazem uma viagem de carro.


A primeira parte tem um ritmo lento, mas a história que envolve o agroboy ganha densidade e mistério. É pena que, assim como o terceiro ato, não chegue a lugar nenhum. Madalena não funciona como denúncia, como crítica, como filme policial. É uma tentativa pretenciosa de se fazer um cinema "de arte", com silêncios e papo-furado. Era muito melhor que o dedo fosse colocado na ferida de uma forma explícita.





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