Joaquín Furriel e Chino Darín: os assessores dos candidatos à presidência (foto: Netflix)
Vosso Reino estreou dia 13 de agosto na Netflix e quase ninguém comentou sobre a nova série argentina, criada por Marcelo Piñeyro, um diretor que fez dois filmes que eu gosto muito: Plata Quemada (2000) e Kamchatka (2002).
Há muitos personagens e subtramas ao longo dos oito episódios. Portanto, para não perder o fio da meada, aconselho ver a série em, no máximo, dois dias. O primeiro capítulo apresenta parte do elenco. Armando Badajoz é forte candidato à presidência da Argentina e representa a ascensão da direita no país. Seu vice é Emilio Vázquez Pena (o ótimo Diego Peretti), um pastor evangélico midiático, casado com a interesseira Elena (Mercedes Morán) e pai de duas mulheres e um rapaz.
Enquanto o personagem de Joaquín Furriel comanda a campanha de Badajoz, Julio (Chino Darín) é braço-direito do pastor. Uma morte durante um showmício dará novo destino à trama.
O roteiro dá pistas falsas sobre quem são os "vilões" e quem são os "mocinhos" num enredo que mistura a hipocrisia de evangélicos, a corrupção dos sistemas judiciário e penal e a sujeira política que ronda as campanhas eleitorais. Há um certo exagero na construção do personagem de Furriel, um sujeito enigmático que "vê tudo e está em todos os lugares". Me agrada mais, por exemplo, os dois lados apresentados para os cristãos - os que são movidos pela fé e os que se debandam em direção ao poder e ao dinheiro.
Vosso Reino pode não ser perfeita, mas joga luz numa numa questão importante para estados que se dizem laicos. A afirmação de um personagem ficou ecoando na minha cabeça: se os fiéis doam 10% de seu salário como dízimo, por que não votariam num candidato que o pastor indicasse?. Deixo para você também pensar.
Comentarios