![](https://static.wixstatic.com/media/0b4b7b_7dce62c8f1604ef786abab91971d92ed~mv2.jpg/v1/fill/w_147,h_83,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/0b4b7b_7dce62c8f1604ef786abab91971d92ed~mv2.jpg)
Daniela Santiago interpreta a jovem La Veneno: da prostituição à televisão nos anos 90
Enquanto o Brasil ignora a importância de Roberta Close, a Espanha reverencia um ícone para a comunidade LGBTQIA+. Trata-se de Cristina Ortiz, conhecida como La Veneno, a travesti que ganhou fama na década de 90 e cuja biografia está bem representada na minissérie Veneno, da HBO Max.
Para não dar spoilers, vou me concentrar, basicamente, no primeiro dos oito episódios. A história se passa em duas épocas. Em 2005, um jovem homossexual descobre que Cristina "La Veneno" está em Valência e faz de tudo para encontrar aquela que é uma referência em sua vida. Em 1995, Cristina se prostitui nas ruas de Madri quando é descoberta por uma repórter de TV. Entrevistada no programa Esta Noche Cruzamos el Mississippi, La Veneno vira sensação na TV.
O roteiro foi extraído do livro escrito pela jornalista trans Valeria Vegas (também personagem da minissérie) e conta com depoimentos de La Veneno a partir de sua infância na Andaluzia. Cristina nasceu Joselito, um garoto "diferente" por, por exemplo, gostar de se vestir de mulher.
A história cobre mais de cinquenta anos de sua trajetória, marcada por sucessos e muita humilhação - e Veneno não oculta os excessos de Cristina, seja no sexo, nos palavrões, nas brigas, nas mentiras, nas traições ou nos vícios. Vale dizer que a série tem a classificação de 18 anos e traz cenas e diálogos tão explícitos que podem causar desconforto nos mais puritanos.
Criação da dupla Javier Ambrossi e Javier Calvo (de Paquita Salas) e com cinco episódios brilhantemente dirigidos por eles, Veneno tem uma mistura engenhosa de humor e drama.
Para dar vida a uma protagonista tão complexa, três atrizes trans se revezam no papel: Jedet (na fase de transição), Daniela Santiago (La Veneno jovem) e Isabel Torres (La Veneno madura), que fazem um trabalho extraordinário.
As amigas de La Veneno, que trabalham nas ruas como prostitutas, também são transexuais, o que confere uma credibilidade e representatividade sem igual à produção espanhola. Para terminar, não posso deixar de citar a personagem mais carismática: Paca la Piraña, interpreta por ela mesma. Com seu jeito sincero e despachado, rouba a cena em muitos momentos por demonstrar afeto e carinho verdadeiros por sua melhor amiga.
![](https://static.wixstatic.com/media/0b4b7b_c61d2453c9ff448989f7563b1070bb11~mv2.jpeg/v1/fill/w_147,h_14,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/0b4b7b_c61d2453c9ff448989f7563b1070bb11~mv2.jpeg)