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Foto do escritorMiguel Barbieri

Manhãs de Setembro acerta em cheio na diversidade


Liniker em seu primeiro trabalho como atriz (foto: divulgação)


Meu colega de Twitter, Tio Valtinho, fez uma ótima observação sobre Manhãs de Setembro. Escreveu que é triste saber que Vanusa não viu a bela homenagem que fizeram a ela. A cantora, que morreu em novembro de 2020, é a ídolo de Cassandra (Liniker), uma motogirl que canta na noite o repertório de Vanusa, com os hits Como Vai Você, Paralelas e, claro, Manhãs de Setembro.


Mas a série em cinco episódios do Amazon Prime Video vai muito além do tributo à intérprete. Trata-se de uma história com uma representatividade raramente encontrada no audiovisual brasileiro. Temos personagens trans, héteros e gays em uma trama que traz à tona os excluídos, os invisíveis e os marginalizados pela sociedade numa São Paulo tomada tanto pela indiferença quanto pelos afetos. É linda, comovente e muito bem realizada.


A trama tem início quando Cassandra, uma mulher trans, conquista sua liberdade ao alugar um apartamento no Centro de São Paulo. Enfim, ela vai poder ter momentos íntimos com seu namorado, o garçom Ivaldo (Thomas Aquino). Só que algo inesperado acontece. Leide (Karine Teles) bate à sua porta com Gersinho (Gustavo Coelho) dizendo que o menino é fruto de um relacionamento que tiveram dez anos atrás, quando Cassandra, antes da transição, se chamava Clóvis.


Cassandra despreza o filho e quer ver a mãe de Gersinho longe de seu convívio. Leide mora, literalmente, dentro de um carro velho e, desempregada, sobrevive a duras penas como camelô ambulante.


Ao longo da série, acompanhamos também outros personagens, como o casal gay vivido por Paulo Miklos e Gero Camilo e as colegas trans de Cassandra, uma delas interpretada por Linn da Quebrada.


Essa diversidade dá uma visibilidade LGBT a uma história que, pontilhada de dramas humanos, encontra o humor na relação de uma família pouco convencional e propensa a acertar os ponteiros.


Liniker se dá bem em seu primeiro trabalho como atriz. Além da sempre fulgurante Karine Teles (de Benzinho e Bacurau), os maiores acertos são as crianças, Gustavo Coelho e Isabela Ordoñez, que faz a filha de uma prostituta. Eles têm diálogos saborosos e ela é sempre assertiva ao abordar a questão de identidade de gênero.


Vale destacar também o trabalho excepcional de Luis Pinheiro e Dainara Toffoli, que comandaram um elenco de veteranos e novatos em filmagens em Montevidéu, que substituiu São Paulo (muito bem) por causa da pandemia.


A pergunta que não quer calar: quando estreia a segunda temporada?





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