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Colônia: registro do horror real é melhor que o sobrenatural



Os personagens da série: desprezados pela sociedade (foto: divulgação)


O Hospital Colônia de Barbacena, ou hospício Colônia, funcionou por mais de cem anos na cidade de Barbacena. A série Colônia, disponível no Canal Brasil pelo NOW, quer retratar um período da instituição psiquiátrica.


Começa promissora a série de dez capítulos curtos (cerca de 20 minutos cada). Em 1971, Elisa (Fernanda Marques) é "despachada" pela família, que mora no interior de São Paulo, para Colônia. A jovem está grávida do namorado, mas os pais dela reprovam o relacionamento. Ela só se dá conta da fatalidade ao chegar ao lugar, um "depósito" de malucos e também abrigo involuntário de alcoólatras, homossexuais e prostitutas. Inconformada, Elisa faz de tudo para tentar sair de lá da forma correta. Mas só encontra um médico desinteressado em seu caso e enfermeiros truculentos - um deles interpretado pelo ótimo Augusto Madeira.


Dirigida por André Ristum em bela fotografia em preto-e-branco, a série apresenta personagens consistentes, como a amante do prefeito (Andréia Horta), o gay renegado pelos parentes (Arlindo Lopes) e, sobretudo, a senhora que, assim como a protagonista, estava grávida quando chegou ao Colônia trinta anos atrás - e a atriz Rejane Faria tem uma atuação magistral!


A partir do episódio oito, a série vai mudando seu perfil. A história escapa do terreno realista para adentrar o sobrenatural, com Elisa enxergando e conversando com os mortos. Não acho a melhor solução. Até entendo a metáfora do horror, mas me agradava mais quando a trama se inspirava em "casos verídicos".


Também achei que merecia profundidade o caso dos presos políticos, "internados" no Colônia por agentes da ditadura militar. Eles saem de cena muito rapidamente e é uma pena desperdiçar o talento dos atores Marat Descartes e Christian Malheiros. Tem mais: em uma cena, eles cantam Apesar de Você, que Chico Buarque gravou em 1978. Mas a série não se passa em 1971? Ok, licença poética.



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© 2023 por Miguel Barbieri

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