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Zona de Interesse: fascinante e pouco convidativo

Sandra Hüller: a esposa do nazista cuida do jardim


Zona de Interesse, em cartaz nos cinemas, é o filme mais "difícil" do Oscar. E isso é um bom sinal porque a Academia está se rendendo a filmes mais experimentais. Por outro lado, não vai agradar a todos. Ele é árido, pouco convidativo e o que mais me incomodou foi o desfecho - ou a falta dele. Mas digo que a experiência é fascinante.


O longa-metragem concorre em cinco categorias: melhor filme, direção, roteiro adaptado, som e filme internacional - representa o Reino Unido, porém é falado em alemão (e onde tem mais chance de sair com um prêmio do Oscar).


O filme anterior do diretor inglês Jonathan Glazer, Sob a Pele (2013), é esquisitíssimo e, daí, dá para chegar à conclusão que o convencional não é seu forte, por mais que a história seja ambientada durante a Segunda Guerra Mundial.


Para você ter uma ideia, após aparecer o nome do filme, a tela fica escura, apenas com a trilha sonora, por quase um minuto. É o incômodo da escuridão, de um período de trevas, que o realizador quer provocar no espectador.


A partir daí, o roteiro mostra a vida de uma família alemã, que mora ao lado do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. O marido é um comandante nazista e a esposa (Sandra Hüller, de Anatomia de uma Queda) se encarrega da casa, do jardim, dos cinco filhos e se esbalda com os pertences dos judeus que chegam até ela, como um casaco de vison. Ela tem várias empregadas, todas "salvas" da morte para serem suas serviçais.


Os diálogos entre o marido e a mulher, entre a esposa e a sogra ou com os filhos são os do cotidiano. É como se, ao lado, não estivesse ocorrendo uma chacina, onde centenas de judeus estão indo para a câmera de gás diariamente.


O interesse do cineasta é fazer com que a plateia sinta nojo de personagens tão desprezíveis. Para isso, o realizador não mostra NENHUMA cena de morte, tortura ou mesmo dos prisioneiros famintos de Auschwitz. Só se ouvem gritos e tiros e se vê a fumaça que sai, ininterruptamente, dos fornos de cremação. Como eu disse, a experiência é impactante.


Contudo, é preciso ressaltar duas coisas. Não há movimento de câmera, apenas dois planos em travelling, pelo que eu contei. Isso significa que é preciso embarcar na proposta "estática". A segunda coisa, conforme comecei o texto, é o final, que, para mim, faltou algo (mas não darei spoiler).















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