Emma Stone: melhor atuação de sua carreira
Muita gente está apostando que Lily Gladstone (de Assassinos da Lua das Flores) vai ganhar o Ocar de melhor atriz. Eu torço por outras duas: Sandra Hüller, de Anatomia de uma Queda, e, sobretudo, por Emma Stone, que é o corpo, a alma e o coração de Pobres Criaturas, em cartaz nos cinemas.
O filme do diretor grego Yorgos Lanthimos (de A Favorita) é o mais fora da caixinha da corrida do Oscar deste ano e, talvez por isso, seja um dos meus preferidos. Pobres Criaturas conquistou onze indicações, incluindo melhor filme, direção, atriz (Emma) e ator coadjuvante (Mark Ruffalo).
A história tem algo de Frankenstein, só que numa versão feminina (e feminista). O médico e cientista Godwin Baxter (Willem Dafoe) tirou das águas do rio uma mulher morta e, como estava grávida, transplantou o cérebro do bebê para ela. É uma ideia fantástica e surreal! Bella (Emma), portanto, é uma criança num corpo adulto. Ela tem um andar cambaleante, um comportamento sem restrições e fala o que lhe der na telha.
Como está experimentando os prazeres do sexo solitário, o doutor oferece Bella em casamento para seu pupilo. Mas quem vai levar a jovem para uma aventura pelo mundo é o galanteador Duncan Wedderburn (Ruffalo). Eles saem de Londres e vão passar por Lisboa, Alexandria e Paris, a bordo de um cruzeiro. E, assim, Bella vai aprendendo sobre tudo: sexo a dois, cultura, pobreza, prostituição...
O roteiro é repetitivo ao bater em algumas "teclas" e o filme se estende um pouco, mas é um manifesto pela liberdade, seja ela qual for.
Além da atuação magnífica de Emma Stone (no melhor momento da carreira), o que mais me impressionou foi o visual arrebatador (vá ver no cinema, por favor!). A fotografia mistura cor com preto e branco e usa uma lente que parece que estamos espiando pelo buraco da fechadura.
Figurinos e direção de arte são soberbos. Poucas vezes, vi algo, no cinema atual, tão meticulosamente pensado, o que faz um casamento perfeito com a história. E a enigmática trilha sonora dá o tom certo para essa fábula sombria e soturna, que remete ao cinema impressionista alemão.
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