João Ricardo no Theatro Municipal de São Paulo (foto: divulgação)
Em cartaz na sexta (25), no Festival In-Edit, Secos & Molhados é a versão de João Ricardo para o início, meio e fim da banda que sacudiu o pop rock brasileiro no início da década de 70. Eu era muito pequeno, mas, pelo que me lembro e li a respeito, quando o grupo terminou, em 1974, João Ricardo foi apontado como o vilão e Ney Matogrosso se saiu vitorioso numa carreira solo que dura, brilhantemente, até hoje.
Confesso que fiquei frustrado com o resultado. Pelo título do filme, esperava algo com mais imagens de arquivo, além de depoimentos dos outros integrantes e de especialistas da área, que comentassem o fenômeno musical. Não há nada disso.
Gravado no Theatro Municipal de São Paulo, o registro é um depoimento de 90 minutos de João Ricardo. Entre as lembranças, ele toca violão e gaita e canta hits como Vira, Assim Assado e Sangue Latino.
Pode parecer cansativo, mas não é. João tem ótima memória e uma fluência narrativa impressionante. Aos 71 anos, relembra como, em 1964, fugiu com os pais de Portugal, instalou-se em São Paulo, compôs canções e iniciou-se na música meio que ao acaso. A primeira formação do Secos & Molhados, nome escolhido por ele, era outra. Ney entrou quando João buscava um vocalista para uma nova formação.
Não lembrava que todos (mas todos mesmo!) sucessos eram de sua autoria. E é isso que ele, num impulso até egocêntrico, quer deixar bem claro. Foi João quem deu nome ao grupo, quem fez as músicas, quem foi atrás de Ney... Segundo ele, não houve atritos ao fim do Secos & Molhados - teria havido uma "boataria" da imprensa.
Mesmo que tudo seja verdade, era preciso ouvir os outros dois lados - de Ney e de Gerson Conrad, o outro membro do trio. Afinal, trata-se de um documentário chamado Secos & Molhados - e não João Ricardo que, não por acaso, é produtor executivo do filme.
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