Foto: divulgação
Acontece com você e também acontece comigo. Quando um filme é muito elogiado e há um buzz, um burburinho, em torno dele, você cria uma expectativa. Aí você vai assistir - e não é exatamente o que esperava. Foi o que aconteceu comigo com Judas e o Messias Negro, já disponível nas plataformas de aluguel. Eu vi no NOW.
O drama inspirado em caso real concorreu a seis prêmios no Oscar 2021, incluindo o de melhor filme, e ficou com duas estatuetas: melhor canção e melhor ator coadjuvante, para Daniel Kaluuya.
Ressalto sua importância e relevância, sobretudo quando o "black lives matter" ganhou uma força maciça no ano passado, após o assassinato de George Floyd.
A trama mostra a suposta união entre Bill O’Neal (LaKeith Stanfield), um ladrão de carros, e Fred Hampton (Daniel Kaluuya), lider dos Panteras Negras, em Chicago, a partir de 1969. Após ser preso pela polícia, O'Neal recebe a proposta de um agente do FBI para escapar da cadeia. Em troca, deve se infiltrar no partido dos Panteras Negras, que incendiava os Estados Unidos exigindo direitos iguais para a população negra. Por causa de seus discursos inflamados, Hampton virou uma persona non grata para o FBI.
Só para um citar um exemplo recente, Infiltrado na Klan também partia de uma premissa similar e Spike Lee, roteirista e diretor, além de manifestar seu repúdio ao racismo, construiu uma trama envolvente e tensa. O mesmo não ocorre em Judas e o Messias Negro.
Os dois personagens são fascinantes e seus atores os interpretam com um empenho formidável. O diretor/roteirista Shaka King, no entanto, leva a relação da dupla em banho-maria e desvia o objetivo central da narrativa -o de mostrar as contradições de um homem negro tendo de deletar para o FBI seu parceiro, também negro, que promovia uma revolução em prol de um bem comum.
Nas últimas cenas, o verdadeiro O'Neal aparece numa entrevista do início dos anos 90. Foi aí que me veio um estalo: a história relatada em Judas e o Messias Negro cairia melhor se contada no formato de documentário.
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