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Crianças do Sol: o realismo sem maquiagem do Irã


O garoto Ali no túnel: atuação estupenda de Roohollah Zamani (foto: divulgação)


Eu acho inusitado que um país repressor como o Irã consiga fazer filmes expondo sua dura e triste realidade, principalmente envolvendo crianças. O mesmo diretor Majid Majidi, que trabalhou com elenco infantil no comovente Filhos do Paraíso (1997), retorna com Crianças do Sol, representante do Irã no Oscar 2021. O filme está disponível em plataformas de aluguel - eu vi no Vivo Play.


O realismo brutal pega o cheio o protagonista. O pai do garoto Ali (Roohollah Zamani) morreu e sua mãe, doente, está internada num hospital. O menino trabalha numa borracharia, mas recebe uma proposta melhor vinda de um velho comerciante. Na esperança de ter um quarto para morar com sua mãe, Ali aceita cavar um túnel que vai do porão de uma escola até um cemitério, onde seu "chefe" afirma estar enterrado um "tesouro".


Ele e mais três colegas se matriculam no colégio para poder fazer o serviço. Têm, assim, de conciliar as aulas com a escavação às escondidas. Embora os outros ajudem, Ali é quem pega mais pesado. Seu sacrifício diante de um sonho não muito distante é tão intenso que dá para sentir cada gota de suor escorrendo em sua testa - e Roohollah Zamani é um espetáculo na atuação!


O drama atinge também outros personagens, como os diretores da escola para meninos Sol (daí o título), que, sem verba pública nem doações, pode fechar as portas. O realismo iraniano de Crianças do Sol não é novidade. Outros diretores já exploraram o tema, mas Majid Majidi tem a capacidade de descrever uma situação de penúria com raro apuro genuíno.



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