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Blonde: do impressionante ao desprezível


Ana de Armas como Marilyn Monroe: semelhança impressionante e atuação certeira (foto: Netflix)


Blonde, da Netflix, está dividindo tanto o público quanta a crítica. E estou dividido entre ter gostado de algumas coisas e detestado outras. Acho que isso faz bem ao filme porque, como dizia Nelson Rodrigues, a unanimidade é burra.


Embora eu ache que Marilyn Monroe mereceria uma minissérie, Blonde é longo demais (quase três horas) porque se estende em cenas dispensáveis. Um dos pontos favoráveis é que o diretor e roteirista Andrew Dominik (do interessante O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford) foge da cinebiografia convencional, mas, por outro lado, peca por ser excessivo nas firulas visuais. Não entendi o motivo da alternância entre a (bela) fotografia em cores e em preto e branco.


O roteiro, baseado no livro de Joyce Carol Oates, tem passagens verídicas e inventadas. Marilyn, por exemplo, nunca viveu um triângulo amoroso com os filhos dos atores Charlie Chaplin e Edward G. Robinson. Mas, sim, tinha uma mãe esquizofrênica, um pai que nunca conheceu, morou em lares adotivos e fez testes do sofá.


O que mais me estranha no roteiro, contudo, é a (imaginada) mulher sofrida que MM teria sido. A loira vive grande parte do filme com lágrimas nos olhos, seja pela ausência do pai, seja pelos abortos que fez. O único respiro de felicidade aparece em seu casamento com o dramaturgo Arthur Miller (papel de Adrien Brody).


Adoro como o diretor filma algumas sequências, em especial quando Marilyn chega para a pré-estreia de Quanto Mais Quente Melhor e nas filmagens de O Pecado Mora ao Lado. Agora, convenhamos, precisava mostrar imagens de fetos? E, pior, há uma detestável sequência em que Marilyn faz sexo oral no presidente John Kennedy. Achei beeem apelativo ao mostrar explicitamente que a atriz era (só) uma mulher-objeto.


Contudo, me saltou aos olhos a impressionante recriação de época. Ana de Armas não é tão voluptuosa e exuberante quanto Marilyn, mas, carismática, cumpre bem o papel numa atuação certeira. E como sou fã dos filmes da diva, ver momentos icônicos sendo recriados foi um deleite. São perfeitas as reconstituições de Torrentes de Paixão, Os Homens Preferem as Loiras, O Pecado Mora ao Lado e Quanto Mais Quente Melhor, assim como as várias capas de revista e as fotos nuas que Marilyn precisou fazer antes de virar uma estrela em Hollywood.





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