Anita e Bernardo em cena de Amor, Sublime Amor: números musicais contagiantes (foto: divulgação)
Eu vi Amor, Sublime Amor (ou West Side Story), o filme original de 1961, e também uma montagem brasileira da peça da Broadway, dirigida por Jorge Takla, em 2008. Mas acabei gostando mais da versão de Spielberg, disponível no Disney+, que concorre a sete prêmios no Oscar, incluindo melhor filme, direção e atriz coadjuvante (para Ariana DeBose, que deve levar a estatueta).
Spielberg está com 74 anos e, em mais de cinco décadas de carreira, nunca havia dirigido um musical. Sua vitalidade para modernizar o clássico fica evidente em números musicais empolgantes e no roteiro, que traz à tona debates mais acirrados sobre machismo e xenofobia.
Mesmo com pequenas mudanças, a história se desenvolve como no original, ainda acompanhada da maravilhosa trilha sonora de Leonard Bernstein, com as canções assinadas pelo mestre Stephen Sondheim, que morreu dias antes da pré-estreia.
No clássico de 1961, que faturou onze prêmios no Oscar, os americanos brancos, que interpretavam latinos, tinham o rosto carregado de maquiagem para parecerem... latinos (!). Desta vez, Spielberg escolheu um elenco de várias origens latinas. Rachel Zegler, que faz a protagonista Maria, é filha de colombianos; o pai de Ariana DeBose, no papel de Anita, é porto-riquenho e David Alvarez, intérprete de Bernardo, tem pais cubanos. Alguns diálogos, inclusive, são em espanhol, o que confere muito mais autenticidade.
Fica mais explícito também a revitalização urbana (e consequente higienização social) que está sendo feita no west side, o lado oeste de Manhattan, em 1957. Casas antigas estão sendo demolidas para a construção de prédios mais refinados. E, nesse processo de gentrificação, desponta a luta das gangues Jets, de americanos, e Sharks, dos imigrantes de Porto Rico. O que eles não contavam é que a porto-riquenha Maria, irmã de Bernardo, fosse se apaixonar por Tony (Ansel Elgort), que saiu da prisão e não é mais líder dos Jets.
Diante de tantas qualidades, West Side Story também tem pontos baixos: não há química entre Rachel Zegler e Ansel Elgort e fica difícil embarcar no grande amor do casal em tão pouco tempo. Por outro lado, Spielberg dá uma exagerada na duração (156 minutos), fazendo com que sua meia hora final pareça esticada.
Esqueci mais predicados: a presença de Rita Moreno (que participou do filme de 1961), aos 89 anos, e os impecáveis figurinos, direção de fotografia e desenho de produção, todos indicados ao Oscar!
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