Pinóquio: diretor demorou dez anos para finalizar
Pense na dificuldade e, assim, você poderá apreciar melhor a beleza de Pinóquio por Guillermo del Toro, disponível na Netflix. O formidável realizador mexicano, vencedor do Oscar por A Forma da Água, demorou dez (!!) anos para concluir o trabalho e isso se nota na perfeição técnica dessa animação em stop-motion, feita com bonequinhos sem intervenção digital.
Del Toro, também roteirista, parte do conto de Carlo Collodi, mas faz várias mudanças na história. O início se dá durante a Primeira Guerra Mundial quando o velho artesão Geppetto perde seu filho. Ele faz, então, um boneco de madeira, que ganha vida. Pinóquio, porém, é aliciado pelo dono de um circo para fazer parte de sua trupe de artistas.
A partir daí, as diferenças são grandes, com o boneco sendo manipulado a aderir ao fascismo do ditador Benito Mussolini, na Itália da década de 30.
O diretor se distanciou do apelo infantil, presente na animação de 1940 e no filme com Tom Hanks, para compor uma fábula política e sombria. Funciona? Não 100%. É nobre a intenção do cineasta, mas, em alguns momentos, a trama me pareceu inocente para conquistar o público adulto.
Tecnicamente, contudo, Pinóquio por Guillermo del Toro é irretocável, primoroso, de uma beleza estonteante. Vai para o Oscar? Com certeza! Vai ganhar o Oscar de melhor animação? É bem provável. Merece? Aí é outra história.
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