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Foto do escritorMiguel Barbieri

Os Banshees de Inisherin: sobre ter um ex-amigo


Colin Farrell em Os Banshees de Inisherin: indicado ao Oscar de melhor ator (foto: divulgação)


Tem filmes que, premiados em festivais na Europa, chegam ao Oscar justamente por causa disso. Depois de ganhar os troféus de melhor ator (Colin Farrell) e de melhor roteiro no Festival de Veneza, Os Banshees de Inisherin, disponível no Star+, concorreu em oito categorias, incluindo melhor filme e direção - e saiu sem nada.


O diretor e roteirista Martin McDonaugh, o mesmo de Três Anúncios para um Crime (2018), tece uma delicada crônica, com um clima de tragicomédia, ambientada na fictícia ilha irlandesa de Inisherin, em 1923. De longe, os personagens escutam os sons do continente, onde ocorre uma guerra civil.


Numa área rural e com poucos moradores, Pádraic (Farrell) vai puxar conversa com seu melhor amigo. Mas Colm (Brendan Gleeson) não quer mais falar com ele. O que teria acontecido? Algum segredo descoberto ou traição? Ou é só a vontade de não querer mais a amizade do vizinho?


São duas horas para Pádraic, que é um sujeito simples, prestativo e ignorante, tentar desvendar o mistério que envolve Colm, que se julga compositor e se vê como um artista.


Não tente procurar respostas para o que não há - eis minha sugestão. Os Banshees não é sobre "o motivo" e, sim, o que essa desunião provoca na vida dos dois amigos. Aos poucos, o humor cede espaço para a tragédia, para o grotesco e para o funesto (a presença de uma bruxa confirma essa ambiência).


Além de um texto afiado, o filme se vale de ótimas atuações e, não à toa, todo o elenco principal concorreu ao Oscar. Além de Farrell (melhor ator) e Gleeson (coadjuvante), Kerry Condon (que faz a irmã de Farrell) e Barry Keoghan (o "maluquinho" do vilarejo) também disputaram a estatueta.




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