Joaquin Phoenix faz Napoleão: do bem ou do mal?
O cinema americano está dominado por filmes de super-heróis e por sequências de franquias, como Velozes e Furiosos. Ou, então, pelo cinema independente, os filmes que ganham indicações no Oscar, por exemplo. É de se comemorar, portanto, a chegada aos cinemas de um épico grandioso como Napoleão, dirigido pelo igualmente monumental Ridley Scott, de 85 anos.
Napoleão é uma personalidade histórica controversa. Ele era "do bem" ou "do mal"? A dualidade do personagem está presente no filme, que cobre a trajetória de Napoleão Bonaparte desde a decapitação de Maria Antonieta, em 1793, durante a Revolução Francesa, até seu exílio forçado, na Ilha de Santa Helena, em 1815. São, portanto, 22 anos de história em que o imperador travou batalhas homéricas e amou loucamente Josephine, a grande paixão de sua vida, além do poder, é claro.
As duas horas e 40 minutos passaram voando porque o realizador tem um domínio narrativo fabuloso, mesmo entremeando momentos íntimos com cenas de ação. Na verdade, achei até pouco e fiquei surpreso ao saber que a versão para o streaming, que será lançada pela AppleTV+, terá mais de quatro horas.
Talvez nessa versão extendida, alguns detalhes sejam melhor explorados. Há lacunas incompreensíveis e passagens do tempo aceleradas. Além disso, o roteiro mostra os prós e contras e deixa a cargo do espectador em tirar suas próprias conclusões. Do líder imbatível de seu Exército ao tirano megalomaníaco, quem foi Napoleão, afinal?
A recriação de época é impecável, assim como as superlativas sequências das batalhas, principalmente a de Austerlitz. Embora use a computação gráfica, Scott é daqueles diretores das antigas que deve recrutar centenas de figurantes.
Joaquin Phoenix me pareceu apático, embora suas expressões faciais traduzam muito bem os momentos de ternura e fúria de Napoleão. Gostei bem mais de Vanessa Kirby como Josephine, uma presença elegante e austera que rouba a cena.
