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Foto do escritorMiguel Barbieri

As Nadadoras: como estragar uma história real


As Nadadoras: um drama que não parece real


Ao ver o nome de Sally El Hosaini como diretora de As Nadadoras, disponível na Netflix, acreditei se tratar de uma cineasta árabe. Mas não. Ela é galesa e filha de um egípcio. A produção é entre Reino Unido e Estados Unidos e o roteirista é inglês. Uma história sobre duas refugiadas sírias tinha tudo para dar certo, mas, com esse time, não deu.


A história começa em 2011 quando explodiu a guerra na Síria. Nadadoras profissionais, as irmãs Sara e Yusra (feitas pelas irmãs Manal e Nathalie Issa) decidem fugir do país, com o consentimento dos pais, e tentar uma nova vida na Europa.


O roteirista não se baseou em nenhum material já publicado, como uma reportagem ou um livro. Por isso, há invencionices difíceis de engolir, sobretudo por se tratar de uma história verídica.


Posso enfileirar uma coleção de erros: 1) por que em alguns momentos as personagens árabes falam inglês entre si; 2) se elas tinham muito dinheiro para pagar os contrabandistas, não poderiam gastar míseros euros para tomar um banho e dormir decentemente após uma angustiante travessia no mar? 3) se elas jogaram seus pertences nas águas para o bote ficar mais leve, como sobraram mudas de roupas e os passaportes ficaram intactos? Licenças poéticas? Não creio.


Além desses defeitos grosseiros, As Nadadoras apressa o passo para mostrar com a trama de perseverança superação acaba. O que foi feito do primo? Ninguém diz. A estada das refugiadas no aeroporto de Berlim durou quantos anos, já que a trama vai de 2011 a 2016? Pouco se sabe. É fácil apelar para emoções baratas e dramas que não convencem para contar um fato - e é isso que me incomodou demais no filme.





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