Miguel Barbieri

3 de nov de 2021

O Tempo que Te Dou: as curtas memórias de um amor

Lina e Nico: amor à primeira vista na série espanhola (foto: divulgação Netflix)

Pelas minhas contas, tenho quase certeza de que O Tempo que Te Dou é a menor série do ano. Menor como duração - e não como qualidade. A atração espanhola da Netflix tem estrutura criativa, mas demonstra certa superficialidade no conteúdo.

São dez episódios, todos com 11 minutos de duração. Como se trata do início, meio e fim de um relacionamento, o roteiro é dividido entre passado e presente. No primeiro episódio, 10 minutos são dedicados ao passado e 1 minuto se passa no presente. No segundo capítulo, 9 minutos de passado e 2 de presente... e assim sucessivamente.

Nadia de Santiago é uma das criadoras e interpreta a protagonista Lina. Trabalhando como garçonete em um hotel à beira-mar, ela conhece o biólogo e mergulhador Nico (Álvaro Cervantes). É paixão à primeira vista - e o namoro segue adiante.

Sabe-se, desde o começo, que eles estão se separando e, ao longo da história, percebe-se o quão difícil é manter uma relação a dois. O foco está em Lina e é o ponto de vista dela que prevalece. Quanto mais ela tenta esquecer o amado no presente, mais o tempo no passado fica curto. Ou seja: as memórias do amor vão sendo "apagadas" conforme os meses passam.

A ideia da narrativa me atraiu muito, além da duração curtíssima (cerca de 120 minutos). Mas acho que faltou um texto à altura dessa engenhosidade, como algo denso na linha de Scenes from a Marriage. Entendo, contudo, que a proposta da série é apresentar só flashbacks da (des)união entre Lina e Nico e, dessa forma, O Tempo que Te Dou cumpre bem o que promete.

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