Miguel Barbieri

21 de out de 2021

Mixte: a quebra de tabus e convenções na França de 1963

As meninas vão estudar, pela primeira vez, no Instituto Voltaire, exclusivo para garotos: misto

O Amazon Prime Video traduziu Mixte como Instituto Voltaire, mas eu gosto mais do título original porque já explica o objetivo da série francesa.

O ano é 1963 e a história se passa numa pequena cidade do interior da França. No início de um novo ano letivo, o Instituto Voltaire vai receber garotas. A escola, até então, era exclusiva para meninos e nem é preciso dizer que isso irá causar o maior reboliço - entre estudantes e professores.

O desafio maior será do coordenador Paul (Pierre Deladonchamps): o sobrinho dele, Jean-Pierre (Baptiste Masseline), é um dos melhores estudantes veteranos, e a sobrinha, Michele (Léonie Souchaud), está entre as calouras.

Dois romances vão mover Mixte: o galã Jean-Pierre vai se apaixonar por uma argelina enquanto Michele não resistirá aos encantos do humilde Alain Laubrac, um órfão que trabalha árduo numa fazenda em troca de cama e comida.

A série não foge à regra da história teen ambientada em colégio, mas tem seus diferenciais. Os personagens, até mesmo os secundários, têm conteúdo e são muito bem caracterizados Exemplos: "a garota mais linda que leva uma vida miserável" ou "o gordinho rico e desengonçado oprimido pelo pai".

Entre o drama e o humor, os temas, expostos ao longo dos oito episódios, também atraem: a perda da virgindade, aborto, lesbianismo, repressão aos homossexuais. Embora muitos personagens espelhem a realidade daquela época, sempre há um homem ou uma mulher com desejo de remar contra a maré e trazer um pouco de subversão, seja ao machismo, seja às ultrapassadas convenções.

Algumas situações ficam com as pontas soltas, mas, pelo que eu andei lendo, a nostálgica Mixte fez sucesso na França e uma segunda temporada parece estar confirmada. Que bom!

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